CEL EDMUNDO JOSÉ DE BASTOS JÚNIOR
Contar a história do Cel Edmundo José de Bastos Júnior, que ocupa a cadeira nº 1 da Academia de Letras dos Militares Estaduais, é reviver a história e as histórias da Polícia Militar em Santa Catarina. Aos 83 anos, o autor de sete livros é privilegiado por uma memória surpreendente, na qual residem grandes fatos e os feitos de militares com trajetórias antológicas, do Cap Osmar Romão da Silva ao Cel Lara Ribas, ambos seus biografados.
Neto de um médico do Exército Brasileiro e filho de um escrivão da Delegacia Regional de Polícia – profissão exercida entre várias outras – o Cel Edmundo teve desde cedo a oportunidade de conhecer os bastidores da Justiça e da Ordem pública. Ao concluir o Colegial, por exemplo, trabalhou voluntariamente na delegacia, motivado pelo pai que não queria vê-lo desocupado. O delegado, na ocasião, era o Maj RR PM Asteroide da Costa Arantes, que entre as importantes funções exercidas na Ativa, foi o primeiro Oficial a obter brevê de piloto civil.
Aos 16 anos, novamente incentivado pelo pai, trocou São Francisco do Sul por Florianópolis, aprovado para ingresso no CFO em 1950. “Com três anos de duração, o curso era uma maneira de dar continuidade aos estudos, com a facilidade de oferecer alojamento e uma carreira no futuro”, lembra o Oficial, remetendo a uma época em que a Polícia Militar não mantinha nem 50 Oficiais em seu efetivo para todo o Estado.
Graduado na terceira turma de Oficiais formados pela própria corporação, o Cel Edmundo atuou como Delegado Especial de Polícia em Camboriú (anteriormente à emancipação de Balneário Camboriú), em Joaçaba, onde conheceu a namorada com quem se casou dois meses depois, em Canoinhas e em Chapecó, sendo que a viagem de Florianópolis para o Oeste exigia três dias em trânsito, intercalando ônibus e trens. Na Capital, futuramente, veio a ser comandante do Pelotão de Cavalaria, ajudante de ordens do Comandante-geral e subchefe da Casa Militar.
Entre as boas lembranças desta época, o Cel Edmundo lembra do eloquente discurso de Juscelino Kubitschek em campanha para a presidência. “Fui assistir a paisana e fiquei impressionado com o entusiasmo de JK, que servia como médico na Polícia Militar de Minas Gerais antes de seguir a carreira política”, conta o Oficial que atingiu o posto de Coronel precocemente, aos 35 anos, assim que pediu afastamento da PMSC para atuar como Juiz Auditor da Justiça Militar.
Ser aprovado no concurso para a Justiça Militar e, futuramente, no concurso para professor da UFSC, apesar das grandes demandas impostas pelas novas funções, nunca arrefeceu o respeito e o convívio com seus irmãos de farda. Muito pelo contrário. Além de lecionar no Centro de Ensino durante 40 anos, o expediente como Auditor era prestado no quartel do Comando-geral. “Nas profissões futuras, usufrui de toda a experiência, conhecimento jurídico, rigidez e valorização do militar que herdei da Ativa”, lembra o Oficial polivalente que, não à toa, é tratado como Cel Edmundo, Dr. Edmundo e Prof. Edmundo, dependendo do ambiente onde se encontra.
Bacharel e Mestre em Direito, marido da d. Aurélia há 62 anos, com quem teve cinco filhos, quatro netos e um bisneto, o Cel Edmundo só se tornou escritor aos 50 anos, motivado por uma pesquisa sobre o Cel Lopes Vieira. “Na ocasião, percebi que a corporação deveria conhecer melhor os personagens da sua história, e daí surgiu a primeira biografia, do tempo da máquina de escrever. Em seguida, começaram a cobrar mais as obras, e o segundo livro foi sobre o Cel Lara Ribas, com quem eu havia trabalhado”, explica o Oficial que resgatou a trajetória do patrono da ACORS, Cap Osmar Romão da Silva, a partir dos diários manuscritos por ele próprio, durante as batalhas da Revolução de 1932.
Com a voz embargada insistindo em pausar, o olhar lavado de emoção, na varanda da casa voltada para o mar, ao declamar trechos do Cap Romão reproduzidos em um de seus livros o Cel Edmundo não deixa dúvidas: o autor de “História e histórias da Polícia Militar de Santa Catarina” preenche, efetivamente, um capítulo nobre da história da PMSC.
NA FORMATURA, HOMENAGEM RECEBIDA DO GOVERNADOR IRINEU BORNHAUSEN PELA PRIMEIRA COLOCAÇÃO.
INÍCIO DA CARREIRA COMO OFICIAL MILITAR; ALTERNATIVA PARA DAR SEQUÊNCIA AOS ESTUDOS NA DÉCADA DE 1950.
CASAMENTO COM AURÉLIA, APÓS POUCOS MESES DE NAMORO, JÁ DURA 62 ANOS EM 2016.
COM O GOVERNADOR CELSO RAMOS, EM REVISTA ÀS TROPAS.
AOS 83 ANOS, O AUTOR DE SETE LIVROS CONTINUA PESQUISANDO E PRODUZINDO.
ALEGRIA E CUMPLICIDADE NO CONFORTO DA CASA EM COQUEIROS.
DEZENAS DE HOMENAGENS RECEBIDAS PELA TRAJETÓRIA COMO OFICIAL DA PM, JUIZ AUDITOR DA JUSTIÇA MILITAR, PROFESSOR E ESCRITOR SÃO GUARDADAS COMO RELÍQUIAS.