Clipagem de 29 a 31 de março

PRINCIPAIS NOTÍCIAS DE 29.03.2014

 

COLUNISTA RAFAEL MARTINI – Diário Catarinense

Padrão Fifa

A Coordenadoria de Operações Policiais Especiais (Cope) da PC de Santa Catarina participa a partir da próxima segunda-feira do treinamento integrado com unidades especiais dos 12 Estados que receberão jogos da Copa do Mundo, além das Forças Armadas e da PF. A intenção é padronizar as ações táticas de repressão a ações terroristas, entre outras intervenções. O convite do Ministério da Defesa foi realizado com base na atuação da Cope durante o Congresso da Fifa no Costão do Santinho.

A propósito

Experiente policial fez aposta com os colegas para saber quando acontecerá a primeira tentativa de arrombamento dos parquímetros do centro de Floripa por algum dependente de crack desesperado por alguns trocados para comprar a pedra.

 

COLUNISTA MOACIR PEREIRA – Diário Catarinense

UFSC: a desocupação e os inquéritos

Adesocupação da Reitoria pelos estudantes da UFSC e pelos integrantes da invasão da SC-401 aconteceu durante ato pacífico, prevalecendo o bom senso entre dois grupos de universitários. Centenas de acadêmicos que defendem a presença da Polícia na universidade fizeram passeata por vias do campus. Tiveram uma conversa com a reitora Roselane Neckel, que prometeu até fins de abril apresentar uma proposta para melhoria da segurança.
Em seguida, rumaram para o coração do campus, cantando o Hino Nacional, com as bandeiras do Brasil e de Santa Catarina. O encontro dos dois grupos foi tranquilo. Os que invadiram a Reitoria e exibiram a bandeira vermelha já haviam retirado o símbolo do MST. Mas cortaram o cabo que permitiria um novo hasteamento. Veio o Corpo de Bombeiros e colocou a bandeira do Brasil no mastro oficial. Tudo pacífico, sem incidente.
O dia começara com a distribuição de nota da Associação Nacional e do Sindicato dos Delegados de Polícia Federal defendendo a operação. Os dirigentes exigiram vídeos, mostrando que os policiais federais foram pacientes no flagrante de prisão e nas negociações. Anunciaram vários inquéritos sobre consumo e tráfico de drogas no campus da UFSC. Da primeira intervenção policial até o conflito foram decorridas mais de três horas.
O diretor da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal, Luiz Carlos Korff Rosa Filho, afirmou que “a UFSC não é território livre da criminalidade”, que não precisa de autorização para combater o crime e que a operação foi legítima e legal. Vários inquéritos estão sendo abertos contra os que destruíram veículos e impediram a ação policial.

 

ASSUNTO: SISTEMA PRISIONAL

VEÍCULO: Diário Catarinense

Cadeião é desativado após a retirada de 190 detentos

Negociações entre o Deap e os agentes penitenciários resultaram no encaminhamento de presos a outras unidades em SC

Após mais de 24 horas de discussões e negociações, no começo da noite de ontem, o diretor do Departamento de Administração Prisional (Deap), Leandro Lima, anunciou a desativação da Central de Triagem, em Florianópolis.
Foram retirados 190 presos do conhecido Cadeião do Estreito. De acordo com o Deap, a estrutura passará por uma avaliação e vistoria após a depredação feita pelos detentos na quinta-feira, quando chegaram novos presos.
Provisoriamente, neste fim de semana, detentos de outras delegacias podem ser transferidos para a Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), também no bairro Estreito. Por volta das 18h30min de ontem começaram a sair os primeiros presos. Ao total 120 serão encaminhados para as unidades prisionais de Itajaí, 40 para Lages e 30 seguem para Tubarão.
– Houve uma série de medidas judiciais entre a quinta e a sexta que culminou nesta decisão por parte do Deap – declara Lima.
O último dia de atividades na unidade foi tenso e repleto de informações desencontradas. Logo cedo, familiares faziam plantão em frente à Central de Triagem preocupados com um novo e possível confronto, conforme ocorreu na quinta-feira, quando chegaram mais 50 presos.
Justiça havia determinado retirada de presos na quinta
Durante a madrugada entre quinta-feira e ontem, presos ficaram amontoados nas celas e os novos que chegaram passaram a noite no corredor, por falta de espaço nas celas. Ainda na noite de quinta-feira, uma nova determinação judicial autorizou a transferência de 80 detentos. Agentes prisionais não concordaram com a retirada de uma parte dos detentos.
– Ou transfere todos ou não transfere nenhum, se não vai ter confronto. A “muvuca” de ontem (quinta) comprometeu a estrutura – disse o agente prisional Mario Antônio da Silva.
Ontem, o pelotão de choque e o Batalhão de Operações Especiais (Bope) deram apoio à retirada. Por volta das 14h, o diretor do Deap, Leandro Lima, participou de uma reunião a portas fechadas com os agentes. Durante toda a tarde, as portas da Central de Triagem permaneceram fechadas, sendo permitida apenas a entrada de servidores e policiais. No início da noite, os presos começaram a ser removidos. Não houve resistências durante a retirada.
Um projeto aprovado pelo governo prevê a construção de uma nova unidade com 407 vagas. De acordo com Leandro Lima, a obra já tem R$ 14 milhões garantidos para a construção. O local não foi definido, mas Lima garante que alguns espaços na Grande Florianópolis foram mapeados. Não há previsão para conclusão da obra.

 

ASSUNTO: Crime em Joinville

VEÍCULO: Diário Catarinense

Idosa é morta com um tiro

Uma ação com características de execução mobiliza as polícias Civil e Militar desde o início da tarde de ontem em Joinville. A aposentada Amália de Souza, 68 anos, foi atingida por um tiro na cabeça, dentro de casa, no bairro Iririú, zona Leste da cidade.
A idosa não teve chance de se defender e morreu na hora. Ela estava acompanhada do marido, Luís Dutra, 65, e de uma diarista quando foram surpreendidos por dois homens. Além do tiro que atingiu Amália, ocorreram pelo menos outros três disparos na casa, na Rua João Reinhold, lateral da Rua Iririú.
Dutra e a funcionária correram para os fundos da residência e pularam um muro na hora do tiroteio. Eles não foram atingidos, mas a empregada se machucou e precisou receber atendimento médico. Os criminosos, segundo vizinhos, fugiram em uma motocicleta.
Duas versões foram apresentadas à polícia após o assassinato. Uma é a de que os invasores, antes de atirar, teriam perguntado onde havia dinheiro, conforme contou Dutra. Pela manhã, a aposentada sacou o dinheiro que recebe da aposentadoria. A dupla teria fugido sem nenhum valor.
A outra versão considera a hipótese de que a dupla tenha disparado imediatamente ao entrar na casa, segundo informou a empregada da família.
– As hipóteses serão consideradas pela investigação. Mas há sinais de que pode ter ocorrido uma execução porque atiraram na cabeça, tinham a intenção de matar, e agiram rapidamente – observa o tenente da Polícia Militar, Rodolfo Batista.
Um dos filhos da aposentada é cabo da PM em Joinville. A informação, diz a polícia, será considerada na apuração do caso, mas não há certeza se o homicídio tem relação com a atuação do policial contra o crime. Ele trabalhava na hora do assassinato e foi confortado por amigos.
Amália era atenciosa com os vizinhos
A comoção de familiares que chegavam à casa da aposentada e a intensa movimentação policial em frente à cena do crime atraíram olhares curiosos. Alguns moradores mostravam indignação pela forma com que Amália foi morta.
A aposentada é lembrada como uma pessoa simpática e atenciosa com os vizinhos. Terezina Pereira, 64, também moradora do Iririú, passou parte da manhã ao lado de Amália, em uma agência bancária.
– Ela estava comigo na fila. A Amália estava contente como sempre, era uma pessoa do bem – conta.

 

ASSUNTO: Crime em Porto Belo

VEÍCULO: Diário Catarinense

Argentino é assassinado

Um homem de 60 anos desaparecido desde quarta-feira foi encontrado morto em casa ontem. Juan Carlos Cuello, de nacionalidade argentina, teria sido assassinado a golpes de faca na residência onde morava no bairro Sebastião Jacques, em Porto Belo, no Litoral Norte de Santa Catarina.
O corpo foi localizado por volta das 10h de ontem. Uma amiga da vítima havia ido até a delegacia da cidade para comunicar que o argentino estava desaparecido desde quarta-feira. No mesmo momento, o marido dela teria passado pela casa de Cuello e viu vestígios de sangue. Ele então telefonou para a mulher, que estava na delegacia.
Ao ser avisada das marcas de sangue, uma guarnição da polícia foi até a casa verificar o relato. O imóvel estava fechado, mas várias manchas de sangue foram percebidas tanto na parte externa quanto dentro da residência.
O corpo do argentino foi localizado na cozinha. Juan Cuello apresentava marcas de facadas pelo corpo, havendo um corte profundo na rgião do pescoço. O corpo foi recolhido pelo Instituto Médico Legal (IML) de Balneário Camboriú para perícia.
O carro da vítima, um Mégane, havia sido levado da casa e foi localizado em Balneário Camboriú. A suspeita é de que o autor do assassinato seja morador do bairro dos Municípios.
Polícia considera ter sido um crime passional
Conforme a Polícia Civil apurou até o momento, a vítima mantinha relacionamento amoroso com um jovem de Balneário. Amigos do argentino o teriam visto pela última vez na tarde de quarta-feira. Depois disso, ele e o namorado teriam entrado em casa.
Como primeira hipótese, a polícia trabalhava com a possibilidade de que os dois tenham se desentendido e que isso teria levado ao crime. Pelo que a investigação já apurou, a briga teria iniciado no quintal da casa.
O jovem suspeito do crime ainda não foi localizado, mas a polícia já tem a identificação.

 

ASSUNTO: COMPLEXO DA MARÉ

VEÍCULO: Diário Catarinense

Forças iniciam ocupação domingo

Todas as favelas na zona norte do Rio de Janeiro serão ocupadas por cerca de mil homens dos batalhões especializados da PM

Cerca de mil homens de batalhões especializados da Polícia Militar ocuparão no fim da madrugada deste domingo, todas as favelas do Complexo da Maré, zona norte do Rio de Janeiro. Os policiais terão o apoio de blindados da Marinha e de veículos aéreos não tripulados (Vants) da Força Aérea Brasileira e da Polícia Federal. Helicópteros da PM também serão utilizados na incursão – inclusive o modelo blindado, conhecido como Caveirão do Ar.
Participarão PMs do Batalhão de Operações Especiais (Bope), a tropa de elite da corporação, além de agentes dos batalhões de Choque e de Ações com Cães e do Grupamento Aeromóvel. A Polícia Federal ajudará com informações de inteligência. Já a Polícia Rodoviária Federal realizará batidas policiais nos principais acessos, como a Avenida Brasil e as linhas Vermelha e Amarela, para evitar a fuga de criminosos.
As forças de segurança entrarão simultaneamente nas 16 favelas da Maré, assim que o dia começar a clarear. Como já ocorreu nas ocupações de outras grandes favelas da cidade (como o Alemão e a Rocinha), os primeiros a ingressarem nas vielas serão os blindados da Marinha, que conseguem transpor barricadas construídas por traficantes para impedir a entrada de carros da polícia.
Serão empregados blindados dos tipos Lagarta Anfíbio e M-113, que se locomovem sobre esteiras, e Piranha, que se desloca sobre rodas. Logo depois, entrarão os policiais militares, que farão uma varredura minuciosa à procura de traficantes, armas e drogas.
Depois que o território passar para o controle das forças de segurança, os blindados da Marinha sairão. Apenas os PMs vão permanecer na região. No próximo fim de semana, os policiais deverão ser substituídos pelo Exército. Para isso, é preciso que seja publicado o decreto presidencial que autoriza o emprego da tropa na Garantia da Lei e da Ordem (GLO), o que até ontem não havia acontecido.
Poder de polícia ao Exército garantirá o patrulhamento
A medida confere poder de polícia ao Exército, que ficará responsável pelo patrulhamento na Maré até o segundo semestre (provavelmente até as eleições de outubro), quando serão inauguradas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) na região.
Ontem blindados da Marinha estiveram na Maré para fazer o reconhecimento do terreno. Por sua vez, a Polícia Militar realizou operações em cerca de 30 favelas controladas pelo Comando Vermelho (CV) e pelo Terceiro Comando Puro (TCP), facções de traficantes que controlam 14 comunidades da Maré.
Outras duas favelas do complexo são dominadas por uma milícia. No Morro do Dendê, na Ilha do Governador, controlado pelo TCP, um homem foi preso com uma pistola e cem quilos de maconha foram apreendidos.

 

ASSUNTO: Tensão no Campus

VEÍCULO: Diário Catarinense

TERMINA A OCUPAÇÃO DA REITORIA DA UFSC

Depois de um dia marcado por protestos contra e a favor da ação policial dentro do campus, alunos deixam o prédio

A bandeira do Brasil no alto do mastro em frente à Reitoria da UFSC foi o símbolo do fim de uma ocupação que durava três dias. Ela foi hasteada por estudantes contrários à invasão e que pediam mais policiamento no campus. Assim que a bandeira nacional subiu, o grupo que havia invadido a sede administrativa da universidade e que reivindicava a proibição da ação policial na UFSC, deixava o prédio. Na quarta-feira, eles haviam hasteado uma bandeira vermelha no mesmo mastro. Por pouco o conflito ideológico não terminou em briga. Houve ofensas verbais de lado a lado.
Pouco antes de se dirigir à Reitoria, o grupo de aproximadamente 250 pessoas favoráveis à presença policial no campus havia entregue uma carta de reivindicações à reitora Roselane Neckel. No texto, pedem a instalação de uma base da PM dentro da universidade e a punição dos responsáveis pelo tumulto da tarde de terça-feira.
O movimento formado principalmente por estudantes do Centro Tecnológico (CTC) empunhava bandeiras do Brasil e de Santa Catarina e fitas brancas nos pulsos. O Hino Nacional foi cantado várias vezes, e provocações como “Minha bandeira não é vermelha” também foram entoadas com frequência.
– É uma minoria. A gente está preocupada com a imagem da UFSC. Estamos aqui pelo direito da maioria – afirmou Mariana Machado, 18 anos, caloura do curso de Relações Internacionais.
Do outro lado, cerca de 200 universitários envolvidos na ocupação acusavam os colegas de “fascistas” enquanto davam os braços para formar uma barricada para impedir que os outros estudantes entrassem na Reitoria. Os gritos pediam uma universidade mais popular.
A ocupação terminou no fim da tarde de ontem, quando estudantes deixaram o hall da Reitoria levando, entre outros pertences, sofás, barracas, colchões e até um fogão. Depois de deixar o prédio, um grupo com cerca de 30 estudantes que não concordaram com o fim da ocupação acampou no segundo andar do Centro de Convivência.
Dificuldades para erguer a bandeira
Colocar a bandeira no Brasil no alto do mastro não foi fácil. Primeiro porque o professor Carlos Becker Westphall, do Departamento de Informática e Estatística, retirou a corda onde ficam presas as bandeiras. Fez isso, segundo ele, para evitar que o ato de erguer a bandeira naquele momento pudesse ser interpretado como uma provocação por quem ocupou a Reitoria.
– Isso vai dar briga – justificou.
A bandeira só foi colocada uma hora depois, quando chegou um guindaste para erguer a pessoa que passou a corda pelas roldanas no alto do mastro. Assim que tudo estava funcionando, o estudante Brener Martins, da Física, que havia tentado subir o mastro antes, colocou a bandeira do Brasil na corda e a levantou.
No mastro ao lado, os ocupantes da Reitoria ergueram uma bandeira colorida do movimento Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros (LGBTT).

POLICIAIS FEDERAIS ACUSAM PROFESSORA DE INCITAR ALUNOS

No quebra-cabeças de vídeos que tentam elucidar a ação que resultou em confronto entre agentes de segurança e estudantes da UFSC, ontem foi a vez de a Polícia Federal divulgar imagens do conflito na tarde de terça-feira. De manhã, a Associação Nacional dos Delegados e o sindicato da categoria divulgaram imagens que mostram uma professora universitária como uma das principais figuras do conflito.
Na visão do delegado federal Luiz Carlos Korff Rosa Filho, a vice-reitora do Centro de Filosofia e Humanas (CFH), Sônia Maluf, que teve a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) apreendida, foi a principal responsável por incitar a multidão de alunos contra a ação policial e teria cometido um crime ao oferecer resistência à ação dos policiais na detenção de um estudante com posse de maconha.
– Ela cometeu inicialmente um crime de resistência. O vídeo mostra que os policiais tiveram extrema paciência, calma e nenhum deles ergueu o tom de voz ao pedir para desocuparem o capô do carro. Só que a intransigência dessa professora e dos demais manifestantes é evidente. E depois ela sobe, insiste e amassa a viatura, o que é dano ao patrimônio público – disse o delegado federal.
Na sequência dos fatos, mais alunos, servidores e professores foram chegando, o número de policiais aumentou, a tentativa de negociação fracassou e acabou no conflito de repercussão nacional com bombas de gás lacrimogêneo, tiros de bala de borracha e estudantes quebrando duas viaturas – da PF e do Departamento de Segurança da UFSC.
Acusada como pivô da confusão, a professora Sônia Maluf se defendeu da afirmação do delegado e disse que sentou no carro por preocupação com a integridade do aluno.
De acordo com ela, a atitude dos policiais em retirar o aluno em um carro descaracterizado era suspeita, depois que os agentes demonstraram truculência na ação.
Docente diz que tentou acalmar os policiais
– Eu tentei acalmar os policiais. Tenho 53 anos e não tenho força para amassar uma viatura. A atitude dos policiais foi muito agressiva e os alunos ficaram indignados. Eu me senti agredida como pessoa. Dou aula na UFSC há 28 anos e nunca tinha visto isso acontecer. E tem mais: os agentes a todo momento diziam que tinham ordens para levar alguém do campus, em uma clara intenção política sobre o espetáculo – afirmou.
Segundo Sônia, nenhuma notificação da Polícia Federal havia chegado até as 21h22min de ontem.

CONFRONTO PODERIA TER SIDO EVITADO, AVALIAM ESPECIALISTAS

Médico, psicóloga e sociólogo avaliam o conflito na UFSC e as consequências dele

Para compreender melhor os impactos e a abrangência que tomou o confronto entre polícias, estudantes, servidores e professores da UFSC, uma socióloga, um médico e uma psicólogo participaram a convite do Diário Catarinense de uma discussão sobre o uso de drogas e o uso da força policial no episódio.
O primeiro entendimento deles foi o de que o confronto poderia ter sido evitado se as duas partes tivessem concordado com o diálogo.
– Há um problema relacionado às drogas na universidade, mas que não é exclusivo do campus. É social. O que a gente viu é essa dificuldade de diálogo entre policiais e a UFSC – disse o advogado e sociólogo Sandro Sell, vice-presidente da Comissão de Segurança, Criminalidade e Violência Pública da OAB.
A posição é parecida com a do coordenador científico da Associação Catarinense de Psiquiatria, Tadeu Lemos, especialista no tratamento de dependentes químicos.
– O foco do problema não ficou no uso da droga, mas no tipo de abordagem – disse.
Durante o programa, transmitido ao vivo pelo diario.com.br, os convidados disseram que ainda não há como identificar se existe hoje uma tendência nacional para a repressão ou para a tolerância em relação ao uso de drogas.
Para a psicóloga Beatriz Arruda, talvez seja o momento de começar a ser discutida a descriminalização da maconha.
Dois temas foram destacados pelo sociólogo Sandro Sell na forma como o assunto foi discutido pelas duas instituições, a UFSC e a Polícia Federal: o reducionismo e a necessidade da ação.
– A universidade não pode ser reduzida a maconheiros, assim como a polícia não pode ser minimizada ao papel de invasor – disse o representante da OAB no debate.
Segundo ele, o debate sobre a presença da polícia dentro do campus é relativo.
– Se ação da PF fosse para prender um estuprador, teria aplausos instantâneos da sociedade. Diferentemente desse consumo, que, pelo potencial danoso da ilegalidade rende no máximo uma advertência. Todo esse barulho por um crime em que ninguém fica preso – comentou Sell.
 

PRINCIPAIS NOTÍCIAS DE 30.03.2014

 

COLUNISTA RAFAEL MARTINI – Diário Catarinense

Quer que desenhe?

Primeiro foi a Companhia de Fogos Rei Tiro que solicitou autorização ao Corpo de Bombeiros Militar para produzir o show de fogos de artifício do Gun’s and Roses. Ao ser indeferida, se retirou do processo. Depois, apareceu a Aymoré Fogos. Também tentaram a aprovação, mas não levaram e acataram a decisão. A bolsa de apostas é para saber quantas empresas ainda vão insistir até a noite de terça-feira. Porque está difícil de a produção entender que pirotecnia em local fechado é proibido por lei em Florianópolis.

Sem investigação

A criação de pelo menos três especializadas da Polícia Civil em Florianópolis, a de Roubos, de Desaparecidos e a de Drogas, exigiu a incorporação dos poucos agentes que trabalhavam nas outras DPs para dar conta da nova demanda. Resultado: acabou a investigação nas delegacias. Na maioria, agora existe apenas o plantão. Mobilização só para crimes de maior repercussão.

 

COLUNISTA MOACIR PEREIRA – Diário Catarinense

Roubo de carros

Um aparelho que capta a frequência do controle remoto dos veículos, permitindo a bandidagem o roubo fácil de veículos, é a nova técnica da criminalidade usada em SC. O equipamento é vendido no Paraguai. O negócio agora é fechar o carro com a chave.
A polícia confirma a nova arma ilícita dos marginais.

Drogas

A Polícia Federal apreendeu 900 quilos de maconha em 2012, na ação da Delegacia de Combate aos Entorpecentes no Estado. Já em 2013, a droga apreendida totalizou 4 toneladas, segundo o delegado Luiz Korff Rosa. Também no ano passado foram apreendidos 200 mil comprimidos de ecstasy.

Inquéritos

A Polícia Federal vai abrir inquérito contra a professora Sônia Maluf, que impediu a prisão do estudante flagrado em consumo de maconha no campus da UFSC, sentando-se sobre o capô de veículo oficial. Será enquadrada em “resistência à ação policial e dilapidação do patrimônio federal”, juntamente com os estudantes que desafiaram a PF.

 

ASSUNTO: TRAGÉDIA NA KISS

VEÍCULO: Diário Catarinense

Bombeiros reabrem investigação

Denúncia feita à Polícia Civil leva corporação a anunciar inquérito para apurar suposto esquema de pagamento de comissões

Novas denúncias sobre tráfico de influência e pagamento de comissões evolvendo a empresa Hidramix, de Santa Maria (RS), levaram o 4o Comando Regional de Bombeiros a decidir pela reabertura de investigações sobre o caso. Um Inquérito Policial Militar (IPM) deve ser instaurado pelo Comando-geral da Brigada Militar (BM).
A decisão foi anunciada pelo tenente-coronel Luis Marcelo Gonçalves Maya, comandante do 4o CRB, em reação ao depoimento de Gilceliane Freitas Dias à Polícia Civil, feito na quinta-feira. Ela é ex-mulher do sargento do Corpo de Bombeiros Roberto Flavio da Silveira e Souza, antigo dono da Hidramix, empresa que instalou barras antipânico na boate Kiss em 2012. Além de ter sido casada com o sargento por sete anos, ela administrava a empresa, da qual passou a ser a única dona desde 2013, quando Souza deixou a sociedade. A Polícia Civil e o Ministério Público já investigam o caso.
O incêndio na casa noturna trouxe à tona um possível favorecimento da empresa dentro do Corpo de Bombeiros. Empresários se declararam reféns de um esquema em que, se não fosse por meio da Hidramix, não conseguiam obter os alvarás de combate a incêndio. Ao delegado Sandro Meinerz, que responde interinamente pela Delegacia Regional, Gilceliane confirmou a existência do suposto sistema em que os bombeiros que indicavam a Hidramix para serviços receberiam 10% do valor da obra em comissão. Disse, ainda, que 70% dos trabalhos executados pela empresa seriam advindos de indicações dos bombeiros.
O tenente-coronel quer ouvir Gilceliane, o que deve ocorrer na semana que vem. Depois da formalização da denúncia ao Corpo de Bombeiros, o comando regional vai remeter as declarações ao Comando-geral da BM, que deverá instaurar o IPM para averiguar as denúncias.
– Vamos procurá-la, vamos ouvi-la e instaurar um procedimento próprio paralelo ao da Polícia Civil. Todas as denúncias que versam sobre esse fato serão investigadas – disse Maya.
O bombeiro já respondeu a duas investigações militares, em 2011 e 2012, por exercer atividade de administração de empresa privada de planejamento e execução de projetos de prevenção de incêndio. Nesse caso, foi arquivada uma e considerada justificada a conduta em outra.
Denunciado pela ex-mulher, sargento não se pronuncia
A reportagem tentou contato com Souza na sexta-feira e foi informada, por meio de um funcionário da nova empresa do bombeiro, que Souza disse que não falaria com a imprensa.

MP aguarda fim de inquérito

O promotor Maurício Trevisan, que conduz o inquérito civil público sobre a Hidramix, disse que aguardará a conclusão do inquérito da Polícia Civil sobre o suposto tráfico de influência por parte da empresa junto aos bombeiros para concluir a sua investigação a respeito do caso.
A empresa é investigada pela Promotoria Cível desde dezembro de 2011, quando o MP recebeu denúncias de que bombeiros prestariam esse tipo de serviço e, depois, aprovariam o próprio trabalho. Trevisan disse que havia chegado a conclusões semelhantes às da Polícia Civil. Esbarrou na falta de provas. Diante das novas denúncias, vai esperar.

A evolução do caso

– A Hidramix Prestação de Serviços (Silveira e Souza Prestação de Serviços Ltda) foi aberta em 2003, como prestadora de serviços na área de prevenção a incêndios, tendo como sócio majoritário o bombeiro Roberto Flavio da Silveira e Souza.

– Ao longo dos anos, Souza passou de sócio majoritário para minoritário, e a empresa teve cinco alterações no contrato social. No ano passado, o bombeiro saiu da sociedade.

– Em 2012, a empresa, supostamente indicada pelo Corpo de Bombeiro, colocou barras antipânico na boate Kiss, em Santa Maria.

– Um Inquérito Policial Militar indiciou Souza por exercício ilegal da profissão, pelo fato de ele ser bombeiro e, ao mesmo tempo, dono de uma empresa que presta serviço de prevenção contra incêndio. A BM decidiu exonerá-lo, o que ainda não aconteceu.

– Em março passado, a Polícia Civil investigou suposto tráfico de influência envolvendo bombeiros e a Hidramix. O inquérito foi encerrado e remetido à Justiça, em janeiro, sem indiciamento.

– Na quinta-feira, após o depoimento de Gilceliane, a polícia anunciou que o inquérito seria reaberto.

 

ASSUNTO: Tensão No Campus – EDITORIAL

VEÍCULO: Diário Catarinense

TODOS ERRARAM

O lamentável confronto ocorrido terça-feira na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que levou nosso Estado e a instituição de forma negativa ao noticiário nacional, poderia ter sido evitado se o bom senso e o diálogo tivessem imperado. A intransigência de todos os lados levou ao triste cenário de praça de guerra, com agressões, bombas de gás, depredação de veículos públicos e ocupação irresponsável da Reitoria.
Os fatos que se desenrolaram depois do confronto físico, nos dias seguintes, foram ainda mais lamentáveis, pois envolveram servidores públicos de alto escalão pagos justamente para ter o bom senso na mesa de cabeceira. Chega-se ao final de semana com uma triste constatação: a instituição UFSC foi maltratada do começo ao fim por parcela de agentes policiais, de professores, de estudantes e até por quem dirige a universidade.
O que era para ser uma operação elogiável, a de investigar o consumo e o tráfico de drogas no seio de uma casa do saber, não foi bem concluída quando se estabeleceu o confronto e o próprio superintendente em exercício teve dificuldade em dialogar. Usou, como se diz no popular, o by the book. Seguiu as leis e a cartilha da corporação policial, um procedimento que naquele caso poderia colocar vidas em risco. As autoridades perderam a oportunidade de priorizar a diplomacia no sentido de fazer com que o panorama voltasse ao clima de normalidade. Mais do que isso, passaram do ponto ao enlamear em cadeia nacional a instituição atribuindo a ela a pecha de “república de maconheiros”, uma expressão desastrada.
Ao rebater essa postura, a Reitoria iniciou a sua série de equívocos. A começar por se dizer surpreendida por uma operação da qual a administração da universidade tinha conhecimento. Era só ouvir o chefe de Segurança, que ele passaria detalhes do ocorrido. O equívoco mais grave, no entanto, foi permitir que o campus e a sede da universidade que abriga 43 mil estudantes ficassem à deriva, com radicais comandando assembleias nas quais exigiam o fim do policiamento no campus, desrespeitando a bandeira nacional em detrimento de um pano vermelho e determinando quem devem entrar ou não no ambiente universitário.
Só mesmo a imaturidade de alguns jovens e a má formação de outros explica que o protesto dos universitários contrariados com a ação policial de terça-feira tenha sido canalizado para a depredação de veículos, conduta inadmissível e cujos autores devem ser punidos. Além disso, é impensável cogitar atender à principal reivindicação dos jovens que ocuparam a Reitoria: veto à polícia no campus.
Houve, é verdade, gestos de bom senso, como o diálogo de um professor com o superintendente da PF, esforçando-se pela saída negociada. Mas o que dizer da atitude da professora que se sentou no capô de uma viatura policial para impedir a saída do veículo?
O desafio é fazer com que a universidade reveja a sua postura de isolamento e assuma o papel de fomentadora de debates propositivos e plurais. Para isso a gestão atual deve refletir sobre posições que, aos olhos da sociedade, soam sectárias, seja para discutir a mobilidade urbana ou para liderar um debate sobre a tolerância ou a repressão às drogas, já que políticas repressivas por parte do poder público, como as adotadas na maioria dos países, têm se mostrado ineficazes.
À Polícia Federal, igualmente, cumpre fazer a lição de casa. Se no seu papel não se inclui o diálogo permanente como regra para atuar no combate ao crime, não podem seus agentes se considerarem imunes a contrapontos e, muito menos, se acharem no direito de desqualificar instituições. Num episódio no qual ninguém tem razão o prejuízo é de todos. Você, leitor, concorda?

COMO FUNCIONA O ESQUEMA DO TRÁFICO AO REDOR DA UFSC

Comércio de drogas nos arredores da universidade sustenta há décadas um mercado ilícito

A marca de 41 apreensões e de 72 pessoas presas em um mesmo ponto de venda nos últimos três anos revela o turbilhão que é o tráfico de drogas na região da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis.
Exposto de forma radical nos últimos dias com a ação da Polícia Federal que acabou em confronto entre policiais e estudantes, o comércio de entorpecentes no local de ensino e nas áreas próximas soa como um dos principais problemas de Florianópolis, conforme avaliam autoridades ouvidas pelo Diário Catarinense. O tráfico alimenta uma rede de outros crimes. Faz vítimas de todas as classes e desafia policiais.
O exemplo clássico na região está na boca do Cesinha. A proeza de ser estourada tantas vezes e ressurgir mesmo nas proximidades de um pelotão tático da Polícia Militar, na Avenida Antônio Edu Vieira, no Pantanal, faz dela, segundo a polícia, um símbolo da lucratividade do mercado ilícito de maconha e cocaína.
Os dados revelados pelo 4º Batalhão da Polícia Militar em Florianópolis confirmam a lógica de que se há tanto comércio incessante é porque há usuários. Nos últimos três anos, ali foram apreendidos 5,5 mil pedras de crack, 526 papelotes de cocaína e sete quilos de maconha. Policiais dizem ser esse o grande motivo da imposição do lugar, alimentador do tráfico na UFSC, ao longo de décadas e gerações.
Segundo a PM, a venda de maconha e cocaína é sustentada por um público de classe média, notadamente formada por estudantes da região. Mas ainda há o fornecimento aos usuários de crack formado pela classe baixa, a maioria moradores de morros do local.
A outra razão de o ponto continuar efervescente é a dificuldade que a Justiça encontra de manter na cadeia os fornecedores e distribuidores de entorpecentes. Policiais dizem ser habitual adultos ficarem presos pouco tempo por tráfico de drogas e que adolescentes também passaram a figurar como protagonistas do mercado ilícito.
Em 2012, uma brincadeira no Facebook apontou que o pior fato ocorrido na universidade por quase um semestre havia sido o fechamento da boca do Cesinha. Há outros lugares de tráfico nos morros arredores, como na Carvoeira e Serrinha.
Via de regra, a encomenda de uma quantia um pouco maior do entorpecente é feita por telefone ao traficante. Depois, o interessado busca pessoalmente no morro e em seguida revende a outros interessados.
A polícia diz que as transações são na maioria das vezes nas proximidades de bares. No episódio de terça-feira, a polêmica se deu em investigações da Polícia Federal, que estaria na busca por traficantes dentro do campus.
Boca famosa hoje é de adolescente
Em 2012, ao sufocar o ponto do traficante Cesinha, a Polícia Militar constatou a migração dos criminosos da área para os roubos.
Houve casos de assaltos com reféns, aqueles com intensa violência, arma no rosto das vítimas, ameaças, agressões. Carros levados em bairros nobres, como Jardim Anchieta e Santa Mônica, foram localizados no Pantanal. Hoje, a polícia diz que o líder desses crimes violentos seria um adolescente de 16 anos.
– O que tem de mais perverso é que as pessoas não pensam no que há por trás daquele ato aparentemente inofensivo de fumar (maconha). A pessoa deixa de comprar um tênis importado para não incentivar o trabalho infantil na China, mas não pensa no que está aqui do lado. O tráfico se fez em cima do trabalhos de menores de idade – diz o tenente-coronel da PM Araújo Gomes.

“Derruba-se um chefe e no dia seguinte tem outro”

O secretário municipal de Segurança de Florianópolis, Raffael de Bona Dutra, que também é delegado da Polícia Federal, diz que o tráfico de drogas na Universidade Federal de Santa Catarina e nos bairros próximos faz da região uma das mais complicadas de Florianópolis. Na sexta-feira de manhã, ele conversou com o DC sobre os problemas da criminalidade na região.

Diário Catarinense – Que informações sobre o crime há no entorno da UFSC?
Raffael de Bona – Tínhamos até um tempo atrás um problema grande de furtos de veículos, de bicicletas e de bolsas. Há casos de estupro, violência, depredação do patrimônio, normalmente em festas. Sem contar no consumo de drogas dentro da UFSC.

DC – Como o senhor avalia o tráfico na região?
Bona – E fortíssimo. Porque você tem um mercado consumidor muito grande dentro da própria universidade. O que a Polícia Federal fazia lá no campus era exatamente isso, um levantamento de quem eram os fornecedores de drogas, quem leva entorpecentes para dentro da UFSC.

DC – Há informações de consumo de outras drogas além da maconha?
Bona – Ali existe consumo de crack também. Não por parte dos alunos, mas temos muitos usuários no entorno por ser uma área sem nenhum tipo de controle. Temos ali durante as festas o consumo de cocaína, drogas pesadas, o que é sabido de todos.

DC – E a boca do Cesinha?
Bona – Aquela região da Serrinha, do Pantanal, dos arredores da universidade é uma das mais complicadas hoje em Florianópolis, junto com a favela do Siri (Norte da Ilha). O tráfico lá é recorrente e intenso. Derruba-se o chefe local num dia e no dia seguinte vem outro novo para continuar o negócio.

REITORA FOI ALERTADA PARA REFORÇAR SEGURANÇA

Em meados do ano passado, um alerta feito pelo comandante do 4º Batalhão de Polícia Militar (BPM), tenente coronel Carlos Alberto Araújo Gomes, mudou a rotina da reitora Roselane Neckel. Durante uma das tantas reuniões informais sobre a segurança no campus da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e o policiamento comunitário, ele ressaltou que era importante ela ampliar os cuidados– principalmente com o Morro da Serrinha, onde os chefes do tráfico estavam próximos do campus e teriam ficado insatisfeitos com a vitória dela nas urnas, um ano e meio antes.
Após oito anos à frente da direção do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH) e um trabalho intenso contra as drogas ao longo deste período, Roselane percebeu que estava exposta demais, alertou seu motorista para ficar mais atento e pediu ajuda aos vigilantes do Departamento de Segurança (Deseg) do campus para que mantivesse o controle da movimentação no entorno de sua casa: estava com medo. Nada aconteceu na época, nem novas ameaças surgiram. Mesmo assim, ela continua em alerta.
A revelação veio à tona esta semana, com a confusão entre policiais federais e militares e alunos da universidade na última terça-feira. Em pelo menos dois momentos, ela desabafou com alunos. Continuava preocupada e se mostrava irritada com a acusação de que não faz enfrentamento à violência no campus.
– Vocês realmente acham que alguém que sofre riscos de ser sequestrada é conivente com a violência e o tráfico de drogas? – questionou aos gritos na tarde de sexta-feira a alunos integrantes do movimento Chega de Baderna, contrário à ocupação da Reitoria.

CRIMINALIDADE VAI ALÉM DO TRÁFICO

Furtos, roubos e até golpe do bilhete premiado são comuns no entorno da universidade
Não é somente o tráfico de drogas que impacta a vida dentro do campus da UFSC. Em menos de 48 horas, de quarta a quinta-feira da última semana, a Polícia Civil registrou três boletins de ocorrência: uma tentativa e dois roubos de veículos consumados dentro do campus. No último caso, registrado por volta das 21h50min de quinta, no estacionamento do Centro Socioeconômico, uma dupla armada atingiu com uma coronhada a testa do estudante Jonathan Guimarães da Costa, 22 anos. Era o horário de saída da aula. Os assaltantes tentaram levar a moto, mas não conseguiram ligá-la. Com a falta de sucesso, levaram a motocicleta de outro estudante estacionada no local.
Titular da 5ª Delegacia de Polícia Civil, na Trindade, Otávio César Lima garante que quase diariamente há registro de ocorrências no entorno do campus. A maioria envolve furtos e roubos. Na quarta, um aluno registrou queixa por ter óculos e um par de tênis furtados dentro do vestiário. Conforme o Departamento de Segurança (Deseg) da universidade, no ano passado foram 33 furtos ao patrimônio ou a pessoas, 17 ocorrências envolvendo furto ou arrombamento a veículos e 11 casos de roubo. Mas estes são os números apenas da segurança interna da universidade.
– Existe uma modalidade muito grande de crimes de maior e menor potencial ofensivo. Roubo no entorno, furtos em veículos e de veículos. Os crimes ali sempre ocorreram. Como também não posso fazer alusão de que o campus é um campo de guerra, se considerar a cidade toda – defende o delegado.
Até o golpe do bilhete premiado, enquadrado como estelionato, tem sido registrado. No ano passado foram 21 casos, oito só em dezembro. Neste ano foram três. Alguns envolvem acadêmicos, normalmente acima de 50 anos.
Para delegado também há tráfico de dentro para dentro
A autoria dos furtos desta semana está sendo apurada para que seja aberto inquérito. Mas segundo o delegado, não se descarta a relação ao consumo de entorpecentes, por ser comum furtos próximo às bocas. Na região do campus, são frequentes as operações na Serrinha, indicada como uma das bocas que abastecem a Trindade. Delegado da Divisão de Entorpecentes da Deic, Cláudio Monteiro afirma que hoje o comércio de drogas na UFSC é de dentro para dentro – alunos compram e revendem no campus.
Reinvindicações por segurança dentro da universidade são antigas. Até cercar de portões se cogitou no ano passado. Apesar de pedirem à reitora, Roselane Neckel, que se comprometa em não permitir mais a entrada da polícia no campus, os integrantes do Movimento Levante do Bosque, que desde terça ocuparam o prédio da reitoria, reivindicam um plano de iluminação em todo a universidade e a contratação de mais seguranças.

“Eu poderia ter levado um tiro”

O técnico em laboratório Jonathan Guimarães da Costa tem 22 anos e está no primeiro semestre do curso de Administração da UFSC. Na segunda semana como aluno no campus, foi surpreendido por dois homens armados que tentaram levar sua moto na saída da aula, na noite de quinta-feira, no estacionamento do Centro Socioeconômico. A dupla atingiu com uma coronhada a testa do estudante, que teve um corte no supercílio.
O local é mal iluminado e facilita a ação de ladrões. Como os assaltantes não conseguiram ligar a moto de Jonathan, roubaram a de outro aluno que vinha logo atrás. Com medo, ele faltou à aula na sexta.

Diário Catarinense – Como foi o assalto?
Jonathan Guimarães da Costa – Fui direto para a moto. A hora que eu estava chegando passei por dois guris e percebi que havia algo errado. Fui direto tirar o cadeado. Eles chegaram dizendo “dá a chave”. No começo, resisti porque não mostraram a arma. Mas depois mostraram e bateram na minha cabeça. Dei chave. Só que tenho costume de fazer um esquema que a moto não funciona. Entreguei a chave e saí. Tentaram ligar a moto e não conseguiram. Foi a hora que roubaram de outro rapaz que estava lá também, que não percebeu a movimentação porque estava conversando com um colega.

DC – Você fugiu do local?
Jonathan – Apontaram a arma para mim e me mandaram embora. Eu me escondi num lugar onde eu conseguia ver. Eles falavam que estavam com uma Biz. A hora que eu vi essa moto saindo e outra logo atrás percebi que a minha eles não tinham levado.

DC – Você se feriu?
Jonathan – Deu um corte no supercílio, até sangrou um pouco. É minha segunda semana de aula. Até hoje (sexta) não vou para a aula, porque não sei como vai estar lá. A gente fica com medo. Tu não sabes se vai para lá e vai conseguir voltar. Poderia ter levado um tiro.

DC – Falta segurança no estacionamento?
Jonathan – Onde tem o estacionamento, do lado tem uma árvore com uma mesinha embaixo. Fica bem escuro. Quase não tem iluminação ali perto.

DC – O que você acha que precisa para ter mais segurança no campus?
Jonathan – Deveriam melhorar aquela iluminação. É muito escuro. Deveria ter um policiamento armado, a PM ou a Polícia Federal, porque só a segurança do campus não vai adiantar, porque não podem portar arma. Todo mundo fica indefeso.

 

PRINCIPAIS NOTÍCIAS DE 31.03.2014

 

COLUNISTA RAFAEL MARTINI – Diário Catarinense

Gambiarra no cadeião

Não foi só por conta da superlotação que a Justiça mandou interditar e desativar a Central de Triagem de Florianópolis, mais conhecida como Cadeião do Estreito. O registro do colega Ricardo Wolfenbüttell mostra que, na falta de cadeado para fechar a cela, os agentes improvisaram com uma algema.

Debandada

A falta de efetivo da Polícia Civil, que tanto preocupa a cúpula da Segurança Pública, pode complicar ainda mais no segundo semestre. É que a partir de agosto, será incorporado o subsídio concedido pelo governo do Estado e quem tem tempo de aposentadoria pode pendurar as “algemas”. Um cálculo do departamento de RH estima que até 30% dos mais de três mil policiais podem se desligar da corporação.

Combate às drogas

Delegado de polícia Eduardo Senna está sugerindo, já que o assunto entrou na roda, o documentário The House I Live In na HBO Documentários, que está disponível no NOW/Net. É gratuito. Produção americana que versa sobre a política e interesses seculares do combate às drogas naquele país. Cacau, embora não pactue com a liberação do consumo e/ou a comercialização estatal, assumo que me identifico com os colegas policiais do documentário quando expressam que estamos cansados de atuar por meio de um processo legal que parece que não funciona. Não sabemos ao certo, mas algo precisa mudar.

Notícia do JN

A UFSC voltou a ser notícia no Jornal Nacional de sexta-feira.
Todo o Brasil ficou sabendo que uma unidade permanente da Polícia Militar poderá ser instalada no campus.

 

ASSUNTO: ônibus queimado

VEÍCULO: Diário Catarinense

CASOS ISOLADOS: PM descarta que incêndios sejam onda de atentados

Incêndios em carro e ônibus após assalto são avaliados como ocorrências distintas pela polícia

Após dois casos de incêndio em veículos desde a noite de sábado na Grande Florianópolis, a Polícia Militar descarta o retorno dos atentados ao Estado. Em alerta desde que um ônibus da empresa Emflotur foi assaltado e incendiado criminalmente, no sábado, o setor de inteligência não conseguiu identificar os ataques como sendo criminosos e eliminou esta possibilidade na manhã de ontem. Além do coletivo, um carro pegou fogo na manhã de ontem.
Para a Polícia Militar, os fatos são casos isolados e a hipótese é de assalto seguido de atos de vandalismo.
– Isso chegou a nos deixar em alerta, mas não estamos considerando a possibilidade de atentado neste momento. Um alarme falso é muito perigoso – esclarece a tenente-coronel Claudete Lehmkuhl, chefe da comunicação social da PM.
Por volta das 19h30min de sábado, um ônibus da empresa Emflotur foi queimado por dois jovens, no bairro Chico Mendes, região Continental de Florianópolis. O motorista, o cobrador e um passageiro estavam posicionados ao lado do veículo no momento em que um dos criminosos anunciou o assalto. Depois que pegaram a carteira de um dos ocupantes do ônibus, os jovens lançaram gasolina no motor do veículo. Diante disso, a primeira hipótese levantada por policiais militares que foram ao local era de assalto seguido de atentado. Os jovens chegaram a pé e teriam fugido em uma motocicleta.
– Quando saiu a primeira labareda, eles saíram correndo – lembra o cobrador do ônibus, Zildo Borcath.
Modo de operação nos dois casos difere de outros ataques
Cerca de 12 horas depois desse episódio, outro veículo – um Gol – foi encontrado em chamas nos fundos do mercado Belo Horizonte, no Bairro São Luiz, em São José. O carro estava abandonado no local e havia sido furtado em Florianópolis ao longo da semana passada.
Segundo a coronel Claudete, o modus operandi dos dois casos é diferentes dos ataques da época dos atentados, quando os criminosos adentravam nos veículos com o alerta imediato para todos descerem e ateavam fogo. Em ambos os casos deste fim de semana, não teria sido isso que aconteceu:
– No primeiro teve assalto e, só depois, eles queimaram o ônibus provavelmente por vandalismo. No segundo, o carro foi encontrado queimando e as causas podem ter sido qualquer uma. Há um índice alto no Estado de veículos que incendeiam a cada mês e, nem por isso, se configura como atentado – explica.

 

ASSUNTO: Tensão no Campus

VEÍCULO: Diário Catarinense

PROTESTOS NA UFSC: Previstas duas manifestações

Duas manifestações estão previstas para a manhã de hoje na UFSC. Uma é organizada por estudantes de Odontologia e reclama da falta de condições das clínicas que estão lacradas. Está marcada para 9h30min, com saída do Centro de Saúde até a reitoria. A outra reúne alunos, funcionários e professores em solidariedade à professora Sonia Maluf, que deve ser indiciada pela Polícia Federal por crime de resistência à prisão e danos. O ato está chamando para as 12h e também pretende chegar à reitoria. Na terça-feira, a vice-diretora do Centro de Filosofia e Ciências Humanas sentou-se no carro onde os policiais haviam colocado um estudante que seria levado. Sua preocupação, explicou, foi a integridade do aluno. Não há confirmação de encontro com a reitora Roselane Neckel.

 

ASSUNTO: EDITORIAL

VEÍCULO: Diário Catarinense

O PAPEL DOS MILITARES

Setores das Forças Armadas demonstram desconforto com os registros na imprensa e nas mídias sociais dos 50 anos do golpe de 64. Com a esquerda no poder, incluindo-se aí pessoas que participaram diretamente da luta contra o autoritarismo, entre as quais a própria presidente da República, o clima predominante hoje é de condenação à ação militar que derrubou o presidente João Goulart e instaurou uma ditadura de 21 anos no país. Mas é importante enfatizar que as reportagens jornalísticas responsáveis não estão omitindo em seus relatos o intenso apoio e a participação ativa de setores civis da sociedade no movimento golpista.
Os militares alegam que foram chamados para impedir a implantação do comunismo no país e que, pelo menos num primeiro momento, cumpriram o dever constitucional de defender a população. Trata-se, evidentemente, de uma falácia. Numa democracia, não é preciso fazer uso da força para substituir governantes que desonram seus mandatos, como os próprios brasileiros demonstraram posteriormente em 1992, no movimento de impeachment que provocou a renúncia de Fernando Collor. Ninguém precisou pegar em armas nem foi preciso colocar tanques nas ruas para mudar o governo em pleno mandato.
Cabe reconhecer, porém, que é injusto atribuir às atuais Forças Armadas qualquer relação direta com os golpistas e os autoritários que se apropriaram do país por duas décadas – ainda que muitos de seus integrantes relutem em admitir o arbítrio dos comandantes da época. O importante é que os soldados voltaram para os quartéis. E que cumpram o papel que a Constituição lhes atribui, de defender a soberania do país e garantir a estabilidade das instituições, além de, subsidiariamente, contribuir na segurança pública e em operações humanitárias e de cooperação internacional.
Porém, o distanciamento histórico dos acontecimentos de 1964 e do próprio regime de exceção permite que a sociedade brasileira faça hoje uma avaliação mais serena da participação dos militares no golpe. Não se trata de revanchismo, mas, sim, de revisar o passado para que os erros cometidos não se repitam no presente e no futuro. Ainda que protegidos pela Lei da Anistia, os protagonistas daquele episódio, sejam eles civis ou militares, não podem se considerar isentos de críticas, pois o país recuperou suas liberdades exatamente para que o povo, a imprensa e qualquer indivíduo possam se manifestar sobre a realidade nacional. Numa democracia, não é preciso fazer uso da força para substituir governantes que desonram seus mandatos.

 

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