CEL ZÍZIMO MOREIRA
O Cel PM RR Zízimo Moreira foi Chefe do Estado-Maior Geral de 1977 a 1979, durante um dos períodos mais conturbados para a Polícia Militar em Santa Catarina, já que por quase 15 anos, entre março de 1969 e março de 1983, foram Oficiais do Exército que responderam pelo Comando-geral da PMSC: Cel EB Fábio de Moura e Silva Lins, Cel EB Renato Julio Trein, Cel EB Eduardo Dória Sá Fortes, Cel EB Romeu Landini e Cel EB João Zaleski Jr.
Decidido a estabelecer o melhor relacionamento possível com os coronéis do Exército, que até 1985 acumulavam investiduras em todos os níveis, incluindo a presidência do país, o Cel Zízimo mantinha uma parceria tão salutar com o Cel EB Eduardo Dória Sá Fortes que era convidado a substitui-lo com assiduidade. Em uma das ocasiões, comandou a PMSC – não formal mas efetivamente – durante os 10 meses em que o Cel Dória esteve ausente, em tratamento de saúde.
Experiência e coragem, de fato, ele tinha de sobra. Motivado por um tio, o Cap Timóteo Moreira, para ingressar na carreira militar, o Cel Zízimo trocou Mafra por Florianópolis em 1949. Cadete da segunda turma do CFO, concluiu o curso em 1952, já com planos de se casar com Edy Moreira, sua fiel companheira até hoje. Ainda Tenente, foi escalado para assumir a prefeitura de Dionísio Cerqueira, à época um imenso sertão marcado pelo contrabando ostensivo. Até mesmo o pinhão cultivado na Serra era transportado ilegalmente por ali.
A chefia provisória do Executivo se prolongou por 10 meses, até que a cidade passasse a ter o seu primeiro prefeito. Para o Cel Zízimo, no entanto, a experiência bem sucedida não tardou a se repetir. Nos 10 anos em que circulou por inúmeros quarteis de Santa Catarina, o Oficial foi prefeito de Itaiópolis e, novamente, de Dionísio Cerqueira. Também foi Delegado (hoje atribuição da Polícia Civil) nas duas cidades e em Brusque.
“Em Dionísio Cerqueira nós morávamos no próprio quartel, em uma casinha de madeira, de onde acompanhamos a instalação da cidade”, lembra a esposa Edy, que aos 86 anos mantém intactas as boas memórias dos tempos de caserna. “Além de conhecer profundamente a corporação, meu marido sempre teve espírito empreendedor. Aliás, toda aquela safra de Oficiais era muito boa. Não eram fantoches e enfrentavam os governos. Se não concordavam, retiravam o quepe e entregavam o posto, mas não cediam”, lembra, orgulhosa.
Casados há 60 anos, o Cel Zízimo e a d. Edy têm seis filhos, nove netos e um bisneto, e vivem com total privacidade em um cenário bucólico, no sítio da família no bairro de Ratones. Vítima de um AVC, o Oficial reformado foi perdendo o interesse pelas notícias da caserna. Não propriamente pela sua condição de saúde, mas principalmente pelo novo contexto, com atitudes e mudanças que enfraquecem a corporação. Sua contribuição, no entanto, nem o tempo apaga.
Até deixar a Ativa de forma compulsória, em 21 de junho de 1979 (com menos de 50 anos de idade), o Cel Zízimo havia trabalhado em Brusque, Itaiópolis, Dionísio Cerqueira, Canoinhas, Joaçaba, Porto União e Florianópolis. Em mais de 30 anos de serviço, teve participação efetiva em projetos ambiciosos, como a compra do quartel do Corpo de Bombeiros Militar, no Estreito, e o estabelecimento de uma parceria entre o Centro de Ensino da Polícia Militar e a faculdade de Direito da UFSC. As negociações, ainda na década de 1960, no governo de Celso Ramos, com a PMSC sob o comando do Cel EB Fábio de Moura e Silva Lins e na gestão de João David Ferreira Lima como primeiro reitor da UFSC, foram o primeiro passo para a promoção do Oficialato à carreira jurídica.
Em Florianópolis, entre suas atuações de destaque estão o comando do Corpo de Bombeiros, comando da Academia de Polícia, direção do Detran, direção da DALF – que centralizava toda a movimentação financeira da PMSC – e direção da penitenciária, onde costumava receber recados do Governo para afrouxar as rédeas. Mas não abria mão de posições que honrassem a tropa.
Outra lembrança importante remete ao início da carreira, quando o então Ten Zízimo foi incumbido de presidir um inquérito envolvendo justamente seu primo, o Ten Elvídio Petters, que viria a ser Comandante-geral da PMSC. O notório Caso dos 13 refere-se à reintegração de um sargento, expulso por atos ofensivos à dignidade militar, como embriaguez e prática de jogos de azar. Revoltados pela permanência do Praça na corporação, alguns Oficiais reuniram-se imediatamente, com o orador do encontro clandestino, Cap Theseu Domingos Muniz, recebendo voz de prisão. Como os demais presentes saíram em sua defesa, recorrendo até mesmo ao governador, a ordem de prisão se estendeu aos 13 Oficiais, incluindo o Ten Petters.
O Clube dos Oficiais, onde se deu a reunião, veio a ser presidido pelo Cel Zízimo Moreira, que em 1992 também liderou o processo para a criação de uma agremiação destinada exclusivamente aos Oficiais da Reserva em Santa Catarina. Além de coordenar a assembleia de fundação da Associação Cel João Elói Mendes, ao lado do icônico Cel Lara Ribas, o Cel Zízimo foi eleito primeiro presidente da entidade.
Com o reitor da UFSC, João David Ferreira Lima
Percurso Militar do Cel PM RR Zízimo Moreira:
Delegado em Brusque – 1953
Prefeito de Dionísio Cerqueira – 1954
Sub Cmt Cia Joaçaba – 1956
Delegado em Itaiópolis – 1957 e 1958
Prefeito de Itaiópolis – 1958 e 1959
Cmt Batalhão em Canoinhas – 1959 e 1960
Delegado em Dionísio Cerqueira – 1960 a 1962
Cmt da Cia em Porto União – 1962 a 1964
Quarta Seção no QCG – 1964 a 1966
Diretor do Detran – 1967 a 1969
Cmt do Centro de Ensino – 1970 a 1974
Quarta Seção no QCG – 1975 a 1977
Chefe do Estado-Maior Geral – 1977 a 1979
Cel EB Fábio de Moura e Silva Lins de 21.03.1969 a 12.06.1972
Cel EB Renato Julio Trein de 12.06.1972 a 05.05.1975
Cel EB Eduardo Dória Sá Fortes de 05.05.1975 a 16.03.1979
Cel EB Romeu Landini de 16.03.1979 a 27.04.1981
Cel EB João Zaleski Jr de 28.04.1981 a 04.03.1983
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