Foi realizada, na noite de 27, na Assembleia Legislativa, audiência pública sobre a segurança pública na região metropolitana da grande Florianópolis. Participaram do encontro a deputada Ângela Albino (PCdoB), proponente da audiência, os deputados Jorge Teixeira (DEM) e Maurício Eskudlark(PSDB), comandantes das polícias civil e militar, além de representantes de Consegs, Sindicato dos Trabalhadores em Postos de Combustíveis, Aprasc e CDL.
Dados mostraram que houve um aumento de 14,35% na criminalidade na Grande Florianópolis, em 2011, sendo que houve um decréscimo do número de efetivos na rua. Acontece de 18 a 30 exonerações, por mês, no Estado, devido aos baixos salários. Os policiais estão fazendo concurso e trocando a corporação por outros órgãos que oferecem melhores salários. O número de fugas, a falta de vagas e de efetivo revelam um caos na segurança, disse Eskudlark, que sugere a elaboração de concurso, motivar e remunerar melhor os policiais.
Para o deputado Jorge Teixeira a sociedade é refém do medo e a situação está ficando insustentável. Acredita que para um curto prazo a solução seria mesmo o aumento de efetivo, mas vê na educação, no emprego e na saúde de qualidade a melhor saída, para longo prazo. Citou o exemplo de Rio do Sul, onde crianças já contam com escola integral, pois na escola pode ser ensinado respeito e cuidado para com o próximo, disse o parlamentar. Destacou que apenas 2% da sociedade nascem com problemas comportamentais, porém uma porcentagem muito maior de criminosos é criada pela sociedade, ou seja, pela falta de estrutura e inclusão social. Acredita ainda, como medida a longo prazo, que o Estado deve ter a tutela das crianças até os 16 anos de idade, lhes oferecendo educação, saúde e oportunidade de emprego.
Para o Comandante da 11ª região da Polícia Militar, Coronel Schauffert a segurança pública é de responsabilidade do Estado, mas um dever e responsabilidade de todos. Destacou que a tropa já é antiga, está estressada, devido à alta jornada de trabalho, e também porque cada ação, envolvendo tiros, mortes e prisões geram uma carga muito negativa na vida dos policiais. “Estamos no fundo do poço,” lamentou. O Comandante Araújo falou da legislação que premia os marginais, ou seja, o policial prende os infratores e a justiça solta. Hoje os adolescentes estão “zoando” da polícia, amparados pelo Art. 155. Pediu para que sejam criadas leis mais duras para os menores e falou que o jovem hoje não tem mais vergonha de ter sido preso, usar droga ou ter ferido alguém. “Estamos vivendo a banalização do crime,” concluiu.
Uma próxima audiência deverá ser marcada, agora com a presença do Governador, das autoridades policiais e da sociedade civil organizada, além de representantes do poder legislativo, do Poder Judiciário e Ministério Público, para que ações concretas possam ser alinhavadas e realmente efetivadas.